Os preconceitos são práticas de segregação, discriminação ou intolerância. Esse pensamento pode se manifestar de diferentes maneiras, de acordo com as ideias que os fundamentam.
1. Racismo: preconceito racial
O preconceito racial é um preconceito baseado na etnia. O preconceito racial é fundamentada numa ideia de superioridade de uma raça em relação a outra. Esse pensamento é chamado de etnocentrismo, pensamento baseado na ideia há um grupo tomado como sendo o normal enquanto os outros grupos são considerados como inferiores ou inadequados.
Assim, o preconceito racial está ligado diretamente à intolerância e discriminação por causa da cor da pele, etnia ou a ascendência de uma pessoa.
No Brasil, o autor Silvio de Almeida aponta para três concepções de racismo:
Racismo individualista
Preconceito racial que indivíduos específicos possuem e praticam. Essa concepção de racismo se manifesta através de falas e comportamentos preconceituosos por algumas pessoas;
Racismo institucional
Preconceito racial que ocorre nas instituições que privilegiam uma raça em detrimento de outra. É comum que algumas instituições, como o mercado de trabalho, exijam de seus funcionários uma “boa aparência”. Em geral, esse critério está baseado em características próprias de pessoas de um grupo social.
O racismo das instituições também pode ser percebido, por exemplo, nos casos de pessoas em que pessoas são acusadas de crimes com base em estereótipos atribuídos a uma raça.
Racismo estrutural
Forma de preconceito introduzido na cultura em sua totalidade. A partir dessa perspectiva, o autor afirma que tanto os indivíduos como as instituições são reflexos de uma estrutura que privilegia determinados grupos raciais.
Aquilo que é o normal da estrutura social é uma normalidade discriminatória. Isso faz com que qualquer ação que se pretenda racialmente justa e democrática só pode ser feita a partir de um esforço para a não reprodução do preconceito racial.
2. Xenofobia: preconceito cultural
A xenofobia ou preconceito cultural é o preconceito baseado na distinção entre diferentes grupos culturais. Assim como o racismo, a xenofobia também possui como princípio o etnocentrismo, mas está ligada diretamente ao território.
O termo xenofobia tem como origem duas palavras gregas: xénos que significa “estranho”, “estrangeiro” e phóbos, que significa “medo”.
Desse modo, o “medo de estrangeiros”, a xenofobia, é o preconceito contra pessoas de outros lugares. Esse preconceito se manifesta através da ideia de que pessoas estranhas ao grupo existente em determinado local não são bem-vindas. Assim, seus comportamentos ou modos de vida não são compreendidos, ou aceitos.
3. Preconceito social
O preconceito social ou preconceito de classe é a discriminação fundamentada na capacidade econômica, nos padrões de consumo e nos modos de vida ligados às classes sociais.
No preconceito social, a pessoa é reconhecida a partir de seu poder aquisitivo. Assim, o modo de vida da classe mais favorecida é reconhecido como sendo o padrão, levando os outros indivíduos a tentarem se adequar a esse modelo.
As marcas culturais e os hábitos das classes favorecidas são compreendidos como superiores aos conhecimentos e os modos de vida populares.
4. Preconceito linguístico
O preconceito linguístico é baseado nas diferenças existentes entre um mesmo idioma. Esse tipo de preconceito elege um modo de apropriação da língua como sendo o modelo pelo qual todos os falantes devem se adequar.
Isso impede a criação de regionalismos e as apropriações de grupos sociais fazem da língua. Muitas vezes, diferentes modos de falar ou escrever são alvo de invalidação, ou mesmo, de humilhação.
5. Preconceito religioso
O preconceito religioso é a discriminação baseada em um culto ou credo e manifesta-se através da chamada intolerância religiosa.
Em determinados locais, o preconceito religioso fundamenta-se na assimilação de uma única religião como sendo permitida e validada pelo Estado.
Outra possibilidade, é a intolerância com correntes ou tradições religiosas específicas que, em geral, são mal compreendidas e associadas ao mal. Nesses casos é comum que os seguidores dessas religiões sejam alvo de perseguições ou seja imposta a clandestinidade a seus cultos.
6. Capacitismo: preconceito contra pessoas com deficiência
O capacitismo é um preconceito fundamentado em uma construção social de uma ideia de corpo perfeito. Essa ideia leva à discriminação de pessoas que tenham alguma condição e que não estejam enquadradas nesse ideal.
Esse preconceito se manifesta pela falta de acessibilidade, na recusa a direitos fundamentais e na forma como a sociedade, individual ou coletivamente, trata as pessoas com deficiência.
Em geral, a ideia de normalidade instituída socialmente cria obstáculos para o modo de vida das pessoas que não estão dentro desse modelo.
Uma sociedade é considerada capacitista caso ela não crie condições para que pessoas com deficiências possam ter garantidos os seus direitos a uma cidadania plena.
Por exemplo, edifícios com acesso exclusivo por escadas impede que cadeirantes possam utilizá-los de maneira autônoma (sem auxílio). Isso fere o direito à locomoção, previsto na lei (direito de ir e vir).
Em alguns casos, essas construções abrigam serviços públicos como escolas, museus, departamentos justiça, por exemplo, o direito desses cidadãos encontra-se ainda mais limitados, sendo negado o acesso a serviços fundamentais
Em outros casos, impede-se a inclusão de pessoas com deficiência em determinados postos de trabalho ou níveis de ensino por acreditar previamente que não possuem a capacidade necessária para o seu exercício.
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